Fui passar música a Coimbra este fim de semana. Não sei se torno a ir. Coimbra só para copos e namoro.
Sexta- feira fui passar música ao Kirsch. O Kirsch é um restaurante de fondue que a partir da meia-noite se torna em bar dançante. Até aqui tudo bem, não fosse o sítio ter tomado este modalidade de night entertainment á coisa de 3 semanas.
O sistema de som roçava o anedótico. Podia perfeitamente estar a passar música com este material em 1992 que seria igual. Uma rídicula mesa de 2 canais alimentava 2 colunas de computador para uma sala onde cabiam umas 80 pessoas. 2 aparelhagens da Phillips dos anos 90 completavam o ramalhete com a cream de la créme acoplado, a espécie de cereja no topo do bolo; um leitor de vinil dos anos 70, ainda com o pó, ou seja não devia ser ligado desde que o vinil morreu no final dos anos 80, e uma agulha que parecia ter explodido com uma granada.
Precavido, trouxe a minha super espectacular mala para vinis todinha em plástico, sem fio de terra nem nada. Ligo-a e ponho a dar o meu single em vinil de 7 polegadas em 2ª mão da "dance me to the end of love" do Leonard Cohen. De repente o incorrigível romântico fica a soar a Darkthrone.
O dono do fondue, chama-se Paulinho. Uma cara nada estranha que depois descobri de onde vinha. Pelos vistos o Paulinho, além de me ter trazido o leitor de vinil do avô, é o ex manager dos Bunnyranch, que aparece no maldito documentário sobre os mesmos. Pede-me insistentemente que reduza os graves. Eu respondo-lhe que isso é indiferente dada a qualidade das colunas.
Tenho que passar os 2 cd rs que trouxe e deixar os 40 discos de vinil que tinha trazido de lado. 60 músicas que ouvi tantas vezes neste fim - de - semana que duvido seriamente que as volte a ouvir. Do cardápio fazia parte Man or Astroman?, Kinks, BRMC, Bob Log, MC5, RL Burnside, Animal Collective, Turbonegro, e por aí fora.
Tive que passar estes 2 cds para uma sala que à 1 da manhá estava cheia. o som no geral estava no 8 e os canais com 9 e bastante gain. A coisa durou até às 4h.
Na segunda noite fui passar som ao Schmoo. Arreliado pela noite anterior, tenho ainda de subir um morro do tamanho de um campo de futebol, carregado com a mala e os vinis. O peso seria o equivalente a carrgar às costas 2 pastores alemães mortos.Além disso estava a chover copiosamente Chego ao sítio a suar e todo molhado, e qual saga, o problema volta a repetir-se, só que desta vez nem há leitor de vinil. A dona do sítio que se chama Sara e parece uma dominatrix, dá-me um raspanete, e eu fico sem reacção , apenas dizendo "normalmente quando passo música os sítios já tem leitores de vinil". Volto a passar as 60 músicas, mas com uma dificuldade de saga ainda maior. O leitor lia os meus cds até à 13ª música, mas a partir daí kaput. Tinha de chegar à 13ª e começar a puxar para a frente as músicas que queria por mas sem mudar a faixa. Além disso articulei a coisa para que das 23h à 1h30 passasse tudo, sem repetir nada e dessa hora até fechar passasse outra vez tudo. Acho que passei a "spread your love" dos BRMC umas 5 vezes.
Conclusão: andei a carregar 2 pastores alemães mortos às costas para nada. Nunca mais passo música em Coimbra.