quarta-feira, 7 de abril de 2010


Autodestruction tour diary

A pedido de muitas famílias, aqui vai o relato da mini tour Ibérica de ALTO! e Black Bombaim. A Autodestruction Tour na primeira pessoa.



DIA 3
É segunda – feira. Acorda – se e constata –se . Isto é uma “ghost town” . Não há vivalma, não circulam carros, tudo está fechado exceptuando um tasquinho na pior Plaza Mayor de sempre.
Lá somos informados que a taxa de desemprego é de 90 por cento e que toda a gente está enfiada em casa a ver televisão a mamar subsídios estatais. Os campos em volta não são semeados, a baliza do campo local já não têm redes. Partimos para Bragança.
A carrinha “Matilde Sofia” está com a caixa de velocidades totalmente desconchavada. A segunda e a terceira não entram e somos obrigados a subir montanhas em quarta. Tarefa que parecia impossível mas que Ricardo Miranda num estilo MacGyver contornou. Arranjamos um mecânico para a nossa querida Matilde através de um amigo do Márcio cujo estilo é ter meia barba. Literalmente meia barba.
Somos recebidos de uma forma excelente nos antigo Cinema Domus pelo Nuno da Dedos Biónicos, presentados com posta à mirandesa e atirados para uma antiga sala já sem cadeiras. O público é na sua maioria constituído por estudantes de Erasmus, a maior parte oriundos de antigas repúblicas soviéticas. Ambos os concertos acabam por correr muito bem para uma segunda - feira que julgaríamos morta.
Continuamos a noite pela realidade local e aportamos num estilo muito rústico em cima da tijoleira da casa do caro Adriano que nos ofereceu por uma noite, a sua sala de estar.



DIA 4
A Matilde teve arranjo e seguimos em direcção à Catalunha. Acabamos por fazer a proverbial “taina” junto às paredes de um castelo do século XV, em excelentes condições de preservação. A escuridão não era problema já que as luzes fortes que partiam de baixo e iluminavam as paredes do castelo de Peñafiel davam – nos a visibilidade necessária . Lá acabamos por entre riffs de The Sword e High on Fire cozinhar uma bolonhesa com kilo e meio de carne.. Tudo corria bem até que em seguida à exclamação de “O TACHO ESTÁ PRONTO” , as luzes como por milagre apagam – se. Todas elas. E agora sim, era medieval.
A Matilde ligada e a sua espectacular luz acompanhada do seu sinfónico ronco de motor acabam por dar o aconchego necessário para que uma cambada de bandidos pudessem jantar.
A longa viagem prolonga – se depois pela noite adentro, sendo que as espectaculares façanhas de Mike Chain nos acabam por dar o despertar necessário para uma chegada ao destino.



DIA 5
O primeiro sítio onde vamos tocar situa – se numa vila paradisíaca em plena Costa Brava catalã, conhecida por L´Estartit.
Chegamos lá as 10 da manhã e sentimos um certo sentimento de estupefacção perante o cenário. Nunca as duas bandas tinham tocado num sítio semelhante. Está tudo repleto de hotéis , gelatarias, lojas de souvenirs, uma marina, uma mega praia e umas ilhas mesmo em frente que compõe todo o cenário de paraíso para férias. Imaginamos logo o pior cenário possível, como um pub inglês com hooligans sem t shirt a ver o nosso concerto.
Felizmente o bar El Mariscal provou – nos o contrário. Aberto desde 1979 e com uma programação que já ia nas 5 . 400 bandas ( Black Bombaim e ALTO! eram as primeiras portuguesas, numa lista que ia do Senegal ao Perú passando pela Austrália ), era na realidade um dos bares europeus mais antigos com uma programação contínua. O dono , maior personagem, Lorenç de seu nome, ofereceu - nos um anexo junto à sua casa ( por cima do bar ) para que pudéssemos pernoitar as duas noites, além de uma faustosa refeição e uma hospitalidade inigualáveis . O bar, num estilo muito americano é um autêntico museu. Os concertos correm bem, mas no final temos um problema com o promotor, um idiota de seu nome Alberte , responsável pelos dois concertos na Catalunha. Do tipo de parasitas que vivem da música dos outros para tentar sacar algum para si e do qual todas as bandas deveriam estar avisadas.



DIA 5
Concerto em Girona. Tudo corre mal aqui.
O bar é na realidade uma discoteca de ciganos e que nos proporciona os concertos mais bizarros de todos os dias. Não há praticamente mesa de som ( uma mesa de dj NÃO SERVE COMO PA. ), o sítio nunca tinha tido concertos antes e o promotor do dia anterior mais uma vez prova toda a sua estupidez. Ambas as bandas fazem tudo para dar os concertos e bazar daquele sítio cujo ambiente era de filme de Tarantino.
Acabamos por seguir para L´Estartit logo a seguir ao concerto e presenciar ainda o concerto de uma banda de versões de clássicos do rock de várias épocas e por entre Guns, Zeppelin , AC DC e Deep Purple. Por entre goles em Budweiser e air guitar acompanhados por mordidelas nos mamilos a alguns compinchas acabamos estes dias, sem antes ainda pregar uma partida bem esgalhada a um de nós que apanhou borracheiras descomunais em todas as noites.
No dia seguinte voltamos a Portugal numa viagem de 18 horas de uma mini tour ibérica que apesar do cansaço inerente nos deu a todos os sete um prazer do caralho.



- Ricardo, Joca , Tojó, Maison, Senra, Rato, Márcio.

www.myspace.com/blackbombaim
www.myspace.com/bandalto